sábado, 25 de fevereiro de 2012

Meus primeiros passos como escritora...

Primeiros passos...

Sempre amei escrever, mesmo quando o que escrevia não era tão legal como acredito ser hoje.
Quando criança passava horas inventando histórias e apaixonava-me cada vez que via minha irmã, dois anos mais velha, criando dezenas de outras com personagens de papel recortados de revistas. Ela criava mundos encantados, monstros estranhos e até um guarda-roupa no melhor estilo da Barbie, com apenas alguns recortes.
Era incrível! Eu a via e imagina: ela sim sabe inventar... ficava tão fascinada e tão empolgada com cada elenco e cada história que depois sozinha tentava, tentava e tentava até que conseguisse roubar um pouquinho de sua magia.
Acho que ao menos um pouco eu consegui. Acreditem, ela hoje além de enfermeira é escritora. Escreve a mão histórias incríveis apenas pelo prazer de escrever e mesmo quando insisto para que suas histórias sejam publicadas ela diz que o encanto está em escrevê-las.
Com o passar do tempo  deparei-me com outras leituras e outras escritas, algumas delas eram poemas, versos românticos, cruéis e verdadeiros... versos sobre a vida que tantas vezes me encantavam.
Não lembro exatamente qual a frequência de suas publicações, mas lembro que eles ora ou outra estavam no jornalzinho da cidade e em destaque na parte de entretenimento.
Era com orgulho que eu esperava e quando tinha a chance amava ler cada estrofe e cada rima, mas emocionava-me quando ali no finalzinho via o nome da autora, M. Sant'Anna. Sou mesmo privilegiada, uma irmã poeta e outra que transformava tudo na mais pura magia...
Foi assim que cresci e apesar de nossos encontros serem espaçados (eu não morava com elas), quando as visitava era como entrar num conto de fadas, onde tudo era belo, encantador e às vezes até assustador... Pisar naquela casa, era como ir para outro mundo, a beliche do quarto transformava-se no castelo, o chapéu de princesa era feito com o papelão recortado da caixa de sabão em pó e o véu que as princesas das mil e um noites usavam, era o mesmo que levávamos a igreja em dia de culto. Lembro do quintal de chão batido que uma vez minha irmã e eu fizemos um foço, como aqueles dos castelos antigos, imaginávamos que ali ficavam os crocodilos que evitariam que nosso castelo fosse atacado... (nem preciso dizer o sermão que ouvidos quando os adultos chegaram e encontraram o quintal todo cavocado). Lembro de todas nós sentadas no quarto com a janela aberta pelo calor, luz apagada e abajour fraquinho imitando fogueira (naquela época ninguém tinha permissão para incendiar o quarto) e principalmente lembro das histórias de terror. Putz! Como eu amava ouvir aquelas histórias que não me deixavam dormir por noite e noites, principalmente quando ora ou outra elas insistiam na conversa que meu bisavó era lobisomem... (olha só meu lado fantástico, como nunca imaginei que era herança de família? kkk)
Lembro que a tardinha depois de tudo arrumado, sentávamos lá fora com o rádio ligado (naquela época elas não tinham televisão) e no gravador selecionávamos uma sequencia de músicas para depois inventar histórias com trilha sonora. Mal sabia eu que naquela época eu vivia o melhor laboratório literário que podia desejar. Eram músicas clássicas e instrumentais, com altos e baixos que fazia a história ganhar vida, e no final a premiação, onde a melhor história da tarde era contada e recontada várias vezes depois, não só ali entre a gente, mas por todas vizinhança onde algumas crianças vinham apenas para escutar...
Sinto falta dessa época, mas a revivo em cada linha, em cada história e em cada livro que escrevo, pois acredito que só vale a pena escrever se for para o leitor se apaixonar, rir, odiar e em alguns casos até chorar. Claro que ainda procuro a perfeição e aprendo um pouco mais a cada dia, (seja com alguns amigos escritores ou pelos saudosos profissionais da área literária) e é por isso que tenho certeza que estou no caminho certo, pois não existe nada mais incrível do que transformar palavras, na mais pura magia...

Margareth Brusarosco


Lançamentos previstos para este ano: "O Jardim dos Anjos", Llyr Editorial, "O diário de minhas férias..." Ed. Vermelho Marinho e "Eternal Magic", Ed. Devir.